• 17 Jul 2016
  • Antonio

Miguel, um psiquiatra de escol


 

Se existisse uma classificação estelar para os médicos, poderíamos dizer que Miguel Schettini (como é conhecido) é um psiquiatra cinco estrelas: correto, amigo, culto, ético, modesto. Ele engrandece a classe médica pernambucana.

 

Escolheu a profissão por vocação. Na escolha foi influenciado por seu antigo professor Walter de Oliveira, também médico. Miguel ingressou na UFPE em 1954. Ainda como um acadêmico, a convite do então secretário de saúde Arthur Coutinho, lidou com a medicina preventiva e se aprofundou no conhecimento da realidade social do estado. No 5º ano médico, já fascinado pela psiquiatria, passou a trabalhar no hospital Ulysses Pernambucano (o da Tamarineira). Foi então que ocorreu o encontro decisivo para a carreira de Miguel: conheceu o professor Gil Braz.

 

Inicialmente membro de sua equipe, Miguel tornou-se seu amigo e seguidor dar ideias de Gil Braz (que viria a ser padrinho de casamento e de batismo de suas filhas). Miguel declinou de um convite para a Alemanha e se aprofundou na corrente de pensamento de Gil, de quem viria a ser fiel seguidor.

 

Em 1962 Miguel casou-se com Ezilda, sua colega de turma, e vieram suas filhas; uma médica e outra arquiteta.

Contemporâneo de destacados psiquiatras, Miguel manteve valiosos contatos, em especial com o grupo do professor José Lucena da UFPE.

 

Veio o natural crescimento com os congressos, as sessões de debates, as palestras. Acompanhou como sócio militante, as associações de psiquiatria, local e nacional. Cresceu muito no meio médico, constituiu uma sólida clientela privada, chefiou a psiquiatria do IPSEP, vivenciou o departamento de psiquiatria da AMPE. Quando esta entidade PRESCREVEU um estudo sobre o pensamento psiquiátrico em Pernambuco, Miguel discorreu sobre o perfil de Gil Braz.

 

Miguel vivenciou os mais diversos problemas com os doentes psiquiátricos, mas sempre foi um amigo com o qual eles podiam contar. A forma de tratar dos pacientes, em uma época em que o arsenal terapêutico era bem menos que hoje, fez com que Miguel nunca sofresse reações despropositadas, mesmo com os casos em que havia forte agressividade por parte dos pacientes. Se a psiquiatria conduz ao contato com a alma humana, este componente transcendental sempre iluminou os passos de Miguel.

 

Schettini presenciou, em determinada fase da vida nacional, o envolvimento de vários psiquiatras com suas ideias exageradamente “populares”, mas soube manter uma postura sensível aos problemas do povo, mas sem comprometimento de sua atividade profissional, a partir de sua própria indumentária: sempre se apresentou com um porte elegante e formal.

 

Todas essas características não o impediram de ser uma pessoa doce e estimada por todos. Miguel Schettini, hoje aposentado, é um expoente da medicina pernambucana.